Um novo capítulo na relação entre surfe, meio ambiente e comunidade começa a ser escrito em quatro regiões litorâneas do Brasil. Itamambuca (SP), Francês (AL), Moçambique (SC) e Regência (ES), as primeiras praias a serem nomeadas com o título de Reserva Nacional de Surf (RNS), serão palco, entre maio e julho, de oficinas comunitárias e celebrações públicas que marcam o caminho até a consolidação do Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS).
As oficinas de Planejamento Estratégico, que ocorrem nas quatro localidades, buscam identificar ações prioritárias para o futuro sustentável dessas praias icônicas. Em seguida, as celebrações de titulação oficializam, em eventos abertos à comunidade, a nomeação das RNS por um período inicial de dois anos, com direito a música, rodas de conversa e atividades culturais. As celebrações ocorrem neste sábado (17), em Itamambuca (SP); 2 de junho, na Praia do Francês (AL), 8 de junho, no Moçambique (SC); e 27 de julho, em Regência (ES).
Diferentemente das Unidades de Conservação tradicionais, as RNS são áreas propostas pelas próprias comunidades locais, que reconhecem o valor ambiental, cultural e econômico das ondas e de seu entorno. O processo de seleção é técnico, mas voluntário, baseado na mobilização social e na governança comunitária, fortalecendo a relação direta entre quem vive o território e quem o protege.
Liderado pelo Instituto Aprender Ecologia, em parceria estratégica com a Conservação Internacional (CI-Brasil), o programa tem inspiração no modelo australiano de National Surfing Reserves e no World Surfing Reserves, promovido pela Save the Waves Coalition. A ideia é conectar preservação da biodiversidade, memória cultural, turismo responsável e desenvolvimento regenerativo, com base em ecossistemas onde o surf é símbolo e ferramenta de transformação. “O que está em jogo vai muito além da onda perfeita. Estamos falando da proteção de modos de vida, de saberes locais e da construção de um novo modelo de gestão costeira com protagonismo comunitário”, destaca a Coordenadora Executiva do PBRS, Fernanda Muller.
As quatro praias foram escolhidas em 2024, após um edital nacional que avaliou critérios como qualidade das ondas, história do surf local, características socioambientais e capacidade de articulação da comunidade.
Com a implementação das RNS, o programa espera ampliar a articulação de políticas públicas, engajar surfistas, moradores e poder público e inspirar outras localidades a também protegerem suas ondas e ecossistemas.
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